Análise Tomb Raider 7

by - sábado, fevereiro 19, 2011

Tomb Raider – Legend e o efeito placebo sobre a franquia



Ao ver a agora saudosa Core Design largá-la de mão, a franquia Tomb Raider andava abandonada à própria sorte. Isso até que a bem intencionada Crystal Dynamics se dispusesse a assumir o compromisso de pôr a série de volta aos trilhos. Com a sequencial queda no número de cópias vendidas ao redor do mundo, carimbada pelo “Anjo das trevas”, a tarefa pode ter sido considerada de extrema exigência, a não ser pelo fato do jogo em questão ser aquele que revolucionou a interação jogador-plataforma. Até que ponto chegou o estudo da empresa sobre as necessidades do game?

A Crystal, então, já sabia que não bastava investir na nova geração gráfica que acompanhava o PlayStation 2; a resposta veio através da baixa receptividade de “The Angel of Darkness” por parte dos fãs. Bastaria atentar aos erros cometidos pela antecessora para balancear o esquema? Parece não ter sido tão fácil. A falta de inovação que precedia o sexto jogo provavelmente saltou aos olhos da equipe. A inovação descuidada associada ao desleixado acabamento de AOD, também. Encontrar a fórmula correta para conquistar o público, afinal, mostrava-se uma obra meticulosa.

A solução encontrada pelo estúdio americano tomou forma em “Legend”. Gráficos nunca vistos em Tomb Raider, jogabilidade renovada e afins pareciam ter conquistado o público. Um rápido e significativo aumento nas vendas permitiu à equipe respirar aliviada. A inovação que acontecia, entretanto, não estava livre de falhas. Falhas que acabaram por perseverar no jogo subsequente e, dessa vez, já não havia o brilho da mudança para seguir tranquilizando a equipe. O sétimo jogo fora um ponto positivo, que acabou por provar não ser exatamente o que era esperado; causando um efeito inesperado sobre todos.

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ENREDO: Talvez seja ele o grande erro por trás do resto. A Crystal seguiu a linha da Core e não procurou fazer dele uma parte vital do conjunto. Os velhos clichês de sempre são mantidos e é introduzida a vida pessoal de Lara Croft, no que insistiriam em “Anniversary” e “Underworld”. A busca pela verdade dos fatos que levaram à morte de sua mãe e a mal aproveitada lenda da espada Excalibur decepcionam, acrescidas de mal vistas mudanças na personalidade da musa. //
6,0


GRÁFICO: A brusca mudança que se dava ofuscou alguns dos problemas. A qualidade gráfica encontrada em Legend não pode ser comparada aos jogos anteriores, a não ser, talvez, AOD, que fica para trás de qualquer forma. TR7 deu nova vida ao ambiente em que o jogador se encontrava, ambiente que, por momentos, tirava o foco da ação para si mesmo. Lara, renovada, perdia um pouco de sua essência, mas continuava reconhecível em aparência e atitude. Para completar, a opção de jogar em “Next-gen” confirmava o grande investimento na área. //
8,0




SOM: Trazer Troels Folmann para a produção foi um grande acerto. A trilha envolvente criada pelo autor amplia cada movimento do jogo. Aventura, humor e medo são amplificados pelo ótimo trabalho do artista, que capta as necessidades do game e as traduz em música. //
9,0


JOGABILIDADE: Apesar de conter pequenos problemas, o novo método de interação foi muito elogiado. Um jogo de ação e aventura precisa de movimentos fluídos e resposta rápida e foi nisso que a equipe investiu, trazendo também novas sequências de vídeo interativas em que o jogador precisa pensar rápido. Sem esquecer dos mais experientes, é possível, ainda, selecionar o “Manual grab”, impossibilitando Lara de se agarrar automaticamente às bordas. //
9,5



DIVERSÃO: Em um conjunto recheado de atrativos, são poucos que não se divertem. A rapidez para completar “Legend”, apesar disso, diminui um pouco o prazer de jogar. Ao apostar em mudanças, não foi possível manter as enormes fases encontradas nos clássicos. //
7,5


INOVAÇÃO: Não é possível ignorar a audácia da equipe em dar novos ares às aventuras de Lara Croft. Tal quesito representa muito do jogo. Foi preciso ter coragem para arriscar, mas faltou um pouco dela para balançar as firmes estruturas da série. O título faz jus: “Legend” é um marco na franquia. //
8,0


NOTA FINAL: //
8,0


*****


O estudo das necessidades do jogo, por conclusão, mostrou-se detalhado e, de certa forma, precipitado. Na ansiedade de dar aos fãs aquilo que pediam, alguns erros que já eram intrínsecos à série passaram despercebidos. Tais erros foram confirmados nos sucessores do sétimo jogo, provando que TR7 veio a causar um certo efeito placebo sobre a situação: não era exatamente o que precisávamos, mas seu efeito foi positivo devido a crermos que o era.


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